quarta-feira, 3 de junho de 2009

Intelecto


Deixa. Deixa que os meus lábios sejam suaves penas que percorrem o teu corpo como as aves fazem aos seus filhos, carregadas de ternura, carinho e amor.
Deixa.
Deixa-me humidificar o teu pescoço com lágrimas que quero sussurrar no teu ouvido.
Deixa que beije as tuas mamas, as pressione, que quero chamar-te mulher e gritar que te amo enquanto soltas tímidos suspiros que o corpo te obriga a sentir. Deixa.
Deixa o teu ventre ser colo. Deixa a minha face enrugada descansar, aí, onde a vida começa.
A minha língua desobedece-me e quer correr as curvas da tua cinta.
Sentir os teus rins a purificar.
Se deixas, percorro os lábios do teu sexo, fundo a minha alma com o teu prazer, gemo por ti no prazer do amor e na fé do orgasmo.
As minhas mãos querem empurrar as tuas nádegas contra mim.
Quero sentir-te mulher em mim e ser ideia e nunca corpo no teu espasmo.
Deixa.

Sairei de ti e farei amor contigo, escondido num recôndito lugar, para que não vejas as minhas lágrimas a saltarem-me do corpo, enquanto me castigo mecanicamente até a minha seiva saltar no tempo e castigar-me de ser velho, enrugado e seco, de ser morto antes do tempo.

Ou então não deixes. Mas mostra-me o brilho dos teus olhos. Mostra-me o traço do teu sorriso e dá-me a mão no leito final, para chegar ao destino consciente de que deixara o paraíso em ti e não na ideia do futuro que não soube desenhar para ti

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