quarta-feira, 3 de junho de 2009

Banhada Didgital!


Tenho o amor na ponta dos dedos.
Deslizo pelo seu couro cabeludo, misturando a água com o shampô e amacio o seu cabelo, tocando-lhe ao de leve nas orelhas, ou no pescoço.
Os olhos semi serrados não me enganam. Pensa em tudo o que lhe faça sorrir, menos neste momento.
Com os dedos zangados, percorro-lhe o trapézio e todos os outros músculos das costas. A gordura do gel de banho cumpre o papel de hidratante e os meus dedos, mágicos, vejo-o no ceder do seu sorriso, os meus dedos cravam-se na carne e repõem a elasticidade aos tecidos.
A água escorre-lhe pelo corpo como o seu sorriso pela minha alma.
Ali está o corpo que abriga suavidade e medo, firmeza e dor, sonho e hesitação, lucidez e erro, vontade e desilusão. Um corpo de alma inteira.
Percorro-lhe as pernas, subindo firme na força e determinação, repondo energia e colhendo vontade.
Ponho-me entre a carne e a água para deslizar no seu peito, nu de sexo e pleno de feminilidade, de instinto e de paixão.
Toco-lhe os lábios com a minha sede e acaricio-lhe o sexo num suave movimento de pura limpeza vazio de emoção.
Colamos os corpos por milésimos de segundos. Tempo de mais para que viaje para longínquas paragens de outrora.
Busco sussurros de amor que ouvira e gemidos suaves, quase mudos, que me oferecera então.
O vapor do banho turva o futuro e morrem afogados em sabão, os beijos sôfregos que guardara para o momento.
Passou-me, de repente pelo vidro que me separa da realidade, a imagem do eterno em forma de gente que ejaculo virtualmente para o seu colo.

Puxo a toalha e seco as minhas lágrimas de saudade.

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