terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Esperança! (ou: Tive uma Rosa Azul Marinho que Murchou!)


Abro os braços. Estico-me até ao limite dos dedos. Pareço o Cristo Rei, sem ser rei sem merecer ser Cristo, o amado.
Não chega esta amplitude, a máxima que consigo, para colher o mundo.
È por isso também que me corre esta lágrima.
Não me chega a felicidade de incluir no meu peito, bem próximo de mim, tanto de amor, tanto de amizade tanto de sensibilidade.
Choro pelo que de tão bom está a milímetros da minha mão, e a que não chego.
Há sempre para além de nós, dos nossos braços abertos, há sempre uma história mais, uma amizade que se constrói de encontros e desencontros de partilhas e de afastamentos, de beijos e de gritos, de carícias e de palmadas, de abraços e de saudosas despedidas.
Há sempre, para além de nós, felicidade e tristeza. Há sempre pessoas que queremos ver vencer, que queremos ajudar a levantar que acompanhamos no chão, que festejamos na vitoria e que amparamos na derrota.
E em todas estas pessoas, em cada uma delas, há sempre um mundo que começa e outro que acaba.
Queria ter braços imensos, infinitos e ganhar cada uma destas pessoas, ganhar o seu amor, o veludo do seu toque, a aspereza das suas vidas e o orgasmo dos seus caminhos.

E no entanto de vez em quando vemos cair-nos do colo outras vidas que trouxemos ate ao presente mas que escolheram futuros diferentes do nosso.
Procuramos o sitio onde a nossa rede rasgou para que caíssem e não encontramos senão a ambição de ser feliz para que isso acontecesse.

Peço ajuda ao rei Cristo, com ou sem fé, mas pleno de esperança, para que a minha rede seja forte, os meus braços possantes e elásticos, para que ganhe e não perca.

Mas a verdade é que bastará dar as minhas mãos a outras mãos para que a junção de braços seja maior e abranja mais. Para que o meu mundo se junte a outros, e a minha rede seja a de todos.
Não devemos ser egoístas nem no amor nem na partilha, mesmo que os mundos estejam dentro de braços diferentes.

Aqui deixo duas mãos para que o meu mundo cresça.
Aqui deixo lágrimas por chorar para criar rios de esperança.
Aqui deixo ténues magoas de todas as mãos que se me esticaram e não vi.
E Cristo Rei da minha vida, não deixes que nenhuma mão se solte. Não queiras que nenhum mundo se separe, não deixes que o amor que sinto a cada momento seja bruscamente parado porque os meus braços são curtos e o meu esforço insuficiente.
E obrigado por cada segundo do meu passado. Pela dor do presente e pela esperança do futuro, que acaba de começar!

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