terça-feira, 22 de dezembro de 2009


De tempos a tempos ponho-me a medir o tempo que o tempo tem.
Há que tempos que não o sinto voar, a fugir-me por entre os dedos. Tempos em que o despertar da paixão abafava o despertar do tempo no despertador de então!
O mesmo tempo que se tornava longo, na solidão da ausência de alguém. Imenso, infinito, insuportável, inesquecível, imparável, insano.
A cada segundo o meu coração batia duas vezes para acelerar a máquina e devolver-me o tempo da emoção.
Foi á muito tempo. Pode mesmo ter sido uns minutos atrás, ou ontem ou antes ainda.
Olho agora para os ponteiros e vejo-os a correr, para trás, lentos como tudo.
Em tudo o que o tempo parou com o seu toque. Em todas as musicas, filmes, fotos, viagens, jantares, gargalhadas, sorrisos e lágrimas, flashs fulminantes do olhar que por segundos me atirava, em todos essas unidades de tempo, vejo agora ampulhetas a esvaziarem-se de cima para baixo, como acontece com tudo o que cai e se parte.
A ausência da sua presença, marcada no mostrador electrónico da minha vida, corre, louco e em ziguezague em direcção ao futuro e escurece-se no horizonte onde o tempo é agora invernoso e negro.
Resta-me a esperança do relâmpago que fará tudo explodir e fazer-me regressar a outros tempos, onde o tempo se mede em prazer e é infinito!

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